Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que a taxa de desemprego no Brasil, que atingiu 8,2% em fevereiro, é a maior para este mês desde 2009, quando atingiu 8,5%. Segundo IBGE, considerando todos os meses, é a mais elevada desde maio de 2009, que registrou 8,8%. Em igual situação também está o número de contratação, que apresentou queda.

Apesar dos números negativos, de acordo com dados obtidos pelo Cadastro de Desempregados e Empregado (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), números apontam que no município de São Sebastião do Paraíso, houve ligeira queda no desemprego no primeiro bimestre do ano em comparativo com mesmo período de 2015, em contrapartida, o número de admissões também caiu.

Segundo dados, há no município cerca de 16.498 empregos formais, que vem apresentado acentuada queda desde 2014, quando os índices de contratação superaram as demissões em todos os setores da economia paraisense. Essa é uma realidade a nível nacional. Neste ano, o município fechou o primeiro bimestre com cerca de 1102 demissões contra 1129 admissões, o que presenta um percentual de 49,39% contra 50,61%.

Hoje, fora das estatísticas de desemprego, a estudante e atualmente auxiliar de produção em uma empresa, Gislene Mariana Felipe Dias, de 27 anos, ficou cerca de três anos desempregada após a empresa onde trabalhava reduzir o quadro de funcionários. Durante esse tempo, a estudante ficou à procura de oportunidade, mas foi difícil até conseguir uma vaga.

“O mercado está muito exigente e à procura de profissionais qualificados. Com a atual crise que o país tem enfrentado, nós sentimos de perto o que é essa situação e como tudo tem refletido nas empresas e, consequentemente, nas contratações. Grande parte dos locais que eu ia à procura de trabalho, exigia uma longa experiência na área ou os salários era muito abaixo do esperado para a função”, ressalta Gislene Dias.

Conforme destaca a economista Nádia Maria Lima Gonçalves, não é preciso conhecer muito de economia para se perceber os sinais de deterioração do quadro econômico em todos os setores e, principalmente, no mais difícil de se combater que é o desemprego.

“Infelizmente este quadro retrata a atual crise no Brasil, atualmente passando pela questão de credibilidade em nosso governo e sua equipe econômica, guerras entre partidos políticos, quadro de corrupções, enfim, total descontrole econômico. Estamos enfrentando problemas de política fiscal e monetária, pois ninguém irá colocar dinheiro na mão de um governo que não está conseguindo aplicar recursos em prol do nosso desenvolvimento”, avalia.

Conforme a economista, passado o Carnaval, a maior parte da população caiu na realidade que o país enfrenta. “Sem a possibilidade de conseguir uma nova colocação no mercado de trabalho em função de inexistência das vagas, o desespero se abate sobre as famílias, pois a perda da renda do trabalhador é contundente. Em nosso município o quadro não está diferente, poucas vagas de emprego, empresas fechando suas portas, problemas com pagamentos para aposentados e servidores, que representam parte da renda do município, diminuindo assim o consumo por bens e serviços, fazendo com que nosso fluxo econômico não circule de forma adequada”, destaca.

Para Nádia Gonçalves, o quadro é crítico. “Empresas se esforçam para manter seus funcionários e aguardam uma esperança de recuperação na economia, mas pelo que nos mostra o Caged, isso não acontecerá tão cedo, pois as melhores vagas estão fechando, e a tendência é a renda continuar caindo, piorando ainda mais o quadro econômico”, elucida.

Como possível solução para os problemas de desprego que, não somente o paraisense vem enfrentando, mas todo o Brasil, a economista sugere que uma alternativa seria o trabalho informal, desde que adotado como momentâneo e não de solução em tempo de crise.

“Outras soluções seria o empreendedorismo, mobilização da sociedade civil, políticas públicas e nacionais, apoio ao comércio, organização comunitária, enfim, união entre órgãos públicos, indústrias, comércio e trabalhadores. No meu ponto de vista seria uma maneira de reverter este quadro, que está vitimando pessoas, sem ter um emprego digno para suprir suas necessidades básicas”, completa Nádia Gonçalves.

Matéria Publicada na edição 1983 do Jornal do Sudoeste,
São Sebastião do Paraíso/MG