Dilma Rousseff - Presidente do Brasil

Nesta semana, em pronunciamento em comemoração ao Dia da Independência que foi ao ar somente via internet, a presidente Dilma Rousseff discursou sobre situação do país e admitiu que o governo “pode ter cometido erros” durante sua gestão. Ela também defendeu necessidade de ajustes ficais, aumento de impostos e medidas provisórias para que situação seja contornada.

“É verdade que atravessamos uma fase de dificuldades. Sei que é minha responsabilidade apresenta caminhos e soluções para fazer a travessia que deve ser feita. As dificuldades e os desafios resultam de um longo período em que o governo entendeu que deveria gastar o que fosse preciso para garantir o emprego e a renda do trabalhador, a continuidade dos investimentos e dos programas sociais”, disse.

A presidente ainda destacou que agora o governo terá que reavaliar todas essas medidas e reduzir as que devem ser reduzidas. Dilma ainda atribuiu parte do problema a fatores internacionais e mencionou situação envolvendo refugiados de guerra na Europa.

“Nossos problemas também vieram lá de fora e ninguém que seja honesto pode negar isto. Está visível que a situação em muitas partes do mundo voltou a se agravar, atingindo agora o os países emergentes. Países importantes, parceiros do Brasil, tiveram seu crescimento reduzido e foram atingidos pela crise internacional. O mundo, além disso, enfrenta tragédias de natureza humanitária, como mostra a situação chocante dos refugiados que morrem nas praias europeias ao tentar buscar refúgio da guerra”, disse.

Dilma Rousseff ainda falou sobre abrir os braços aos refugiados e disse que mesmo em momentos de dificuldades, o país está à disposição para receber aqueles que “expulsos de suas pátrias, para aqui queiram vir, viver, trabalhar e contribuir para a prosperidade e a paz do Brasil”.

A presidente reafirmou que o pais vive uma crise e que o governo pode ter cometido erros. “As dificuldades, insisto, são nossas e são superáveis. O que eu quero dizer, com toda a franqueza, é que estamos enfrentando os desafios, essas dificuldades e que vamos fazer essa travessia. Se cometemos erros, e isso é possível, vamos superá-los e seguir em frente”.

Dilma falou também sobre superar as diferenças e colocar em segundo plano os interesses individuais ou partidários. “Me sinto preparada para conduzir o Brasil no caminho de um novo ciclo de crescimento, ampliando as oportunidades para nosso povo subir na vida com mais e melhores empregos. Nós queremos um país com inflação sobre controle, juros decrescentes, renda e salários em alta”, completou.

A presidente garantiu que nenhuma dificuldade a fará abrir mão do seu governo que “assegurou oportunidades iguais para nossa população. Sem recuos, sem retrocessos”. Dilma completou seu discurso dizendo que o seu governo foi capaz de tirar milhões de pessoas da miséria e elevar outros milhões aos padrões de consumo das classes médias e destacou a importância de programas sociais como o Pronatec e Bolsa Famílias para as famílias Brasileiras.

Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de São Sebastião do Paraíso (Acissp), Ailton Rocha de Sillos, o discurso da presidente se apresentou de forma vaga e fez correlações com situações em que em nada refletem com a situação do País, como a questão da imigração na Europa. Sillos ainda questiona como que a situação que o pais vem enfrentando não foi percebida a tempo e ponderou, que em uma época em que o preço do petróleo estava em queda, no Brasil os valores aumentavam.

“É uma situação lamentável e que reflete em todos os cidadãos. Temos lutado para conseguir amenizar situação no município e diminui reflexos da crise, mas não é uma fase boa para o empresário”, completa o presidente da Associação. Ailton Sillos disse ainda que infelizmente as medidas que o governo vem tomando para contornar situação são necessárias, mas criticou orçamento apresento ao Senado para 2016 com déficit de R$30,5 bilhões.

A professora Marília de Souza Neves disse que foi com pesar que ouviu ao discurso da presidente no Dia da Independência. “Usando palavras articuladas (escolhidas com propósitos pré-definidos) e apelando para a sensibilização da pátria brasileira, nossa representante gastou expressões diversas e clichês enfadonhos para tentar minimizar a revolta e a indignação que fazem parte dos nossos dias. Justificando-se que o cenário mundial atravessa uma crise e enfrenta “tragédias de natureza humanitária”, ilustrou sua fala com o drama dos refugiados que tentam deixar a guerra em busca de paz, almejando comover os que tiveram acesso a seu pronunciamento”.

Marília ainda diz que concorda com a referência da presidente sobre a “travessia que necessita ser feita”, mas salientou que não devemos aplaudir as discrepâncias que assolam o país. “De um lado, trabalhadores que precisam ampliar sua jornada de trabalho a fim de obter o mínimo necessário para sua sobrevivência; de outro, uma ínfima parcela que recebe muito para nada fazer, ou melhor, para muito roubar. A decência na política soa como ironia e, assim, indivíduos honestos, estudiosos e com capacidade para fazer parte desse importante lócus distanciam-se da política, temendo ser corrompidos ou até mortos”, disse.

“Todavia, embora indignada, concordo com a presidente no quesito união. Ainda que não aplauda seus erros e desatinos, acredito que todos somos responsáveis, direta ou indiretamente, pela situação que nos envolve. Se queremos mudança, comecemos por nós mesmos. É momento de “reavaliar”, de lutar em prol dos nossos anseios, de não deixar que os “maus” ganhem a guerra. Se nos achamos “bons”, façamos o bem onde quer que estejamos, contribuamos com o progresso, levantemo-nos das poltronas de nossos sofás e doemos o que de melhor possuímos. Deixemos que nossa voz ecoe. Que sejamos o coral da atitude, não os fofoqueiros de plantão que servem apenas para repetir e distorcer o que ouvem, ou meros espectadores procrastinados. Discurso sem ação é pó que o vento leva. Discursemos na família, no trabalho, na escola, na sociedade, afinal, brasileiro que veste a camisa do seu país não fica apenas apontando erros, visualiza maneiras de corrigi-los. Dizer não à corrupção é pôr um ponto-final no parasitismo”, completou Marília Neves.

O advogado KenjiKobanawa, diz que o fato de a presidente vir a público e assumir pela primeira vez os erros de seu governo demonstra a absoluta insustentabilidade de sua gestão. “Todas as críticas e questionamentos acerca principalmente da irresponsabilidade econômica, sobretudo nos últimos 3 anos de seu mandato acabaram de comprovar seu fundamento diante da crise atual. Sua política populista garantiu sua reeleição, entretanto, desde a apertada vitória nas urnas, o clima de insatisfação e descontentamento já demonstravam que o Brasil se tornaria um país de alto risco. Gastou-se mais, capitalizou-se menos, assim, perdeu popularidade e credibilidade até mesmo junto ao seu próprio eleitorado que sente a cada dia mais os efeitos de um país em recessão”, ressaltou.

Para o jornalista Helton Lucinda Ribeira, “usar o Dia da Independência para defender uma política econômica que nos torna cada vez menos independentes expressa de forma emblemática as contradições desse governo. Dilma adotou o programa do adversário e os dados mostram a cada dia que estamos indo de mal a pior. Deveríamos aproveitar nosso rebaixamento pela Standard &Poor’s para proclamar uma nova independência”.

A servidora pública, Patrícia Oliveira, avaliou que é verdade quando a presidente diz que boa parte da situação que estamos devido a gestão da presidente. “O governo ignorou todos os sinais de que as coisas não estavam tão bem, que o crédito ilimitado e a explosão de consumo não mantêm o crescimento de um país por tempo indeterminado sem estar aliado a diminuição de gastos e aumento de investimento em infraestrutura, para dizer o mínimo”, relata. Para Patrícia, do ponto de vista macroeconômico, equilibrar as contas segurando os gastos e aumentando a receita é nossa única alternativa para voltar o país para os trilhos do crescimento.

“Todas as donas de casa sabem disso, quando os gastos extrapolam o salário é hora de cortar as despesas e arrumar um bico até acertar as coisas. Contudo o problema não está no que precisa ser feita e sim em como está sendo feito: não vejo anúncio de corte de despesas em nenhum dos três poderes, porque devemos sempre lembrar que esse país é feito de executivo, legislativo e judiciário. Corte ministérios, cartões corporativos, diminua para 1/4 as verbas de gabinete, assessores, auxilio aluguel, passagens aéreas e mais um trilhão de ralos de dinheiro público sem nenhum retorno a população”, completou.

Matéria publicada para edição 1928 do Jornal do Sudoeste,
São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais