Introdução 

Inúmeras teorias com o objetivo entender o desenvolvimento do homem ao estágio que vemos nos dias atuais foram formuladas desde que nós buscamos entender nossa própria existência. Uma das mais aceitas é a de que o fogo teria sido o marco para a nossa evolução e, mais do que isto, nossa sobrevivência. Contudo, a comunicação, vital para o nosso dia a dia, foi, senão o mais importante, o mais necessário para a nossa existência, porque através da comunicação pudemos nos diferenciar dos outros animais e, logo, ter tido a sua dominação. 

Desde que surgiu uma espécie de convívio social, o homem sentiu a necessidade de comunicar-se, fosse para expressar seus sentimentos, fosse para registrar e passar adiante sua cultura. Não existe uma data que registre o momento certo em que surgiu a comunicação, mas é certo que ela sempre existiu e acompanhou a evolução do homem, ajudando e contribuindo para o seu desenvolvimento. Para compreender melhor esse processo de evolução algumas divisões históricas são necessárias, são elas: 

Pré História: é toda forma de civilização anterior à invenção da escrita, e ela data de aproximadamente 500.000 A.C., e podemos subdividi-la em: 

Paleolítico e Mesolítico de 500.000 A.C. à 18.000A.C.: Foi quando o homem começa a dominar a natureza, fabricar utensílios, usar trajes para se proteger do frio, usar o fogo e, dentre outras coisas, desenvolver a linguagem para se comunicar. Nesse processo, inicia-se o que hoje conhecemos como pinturas rupestres, ou seja, desenhos feitos em cavernas ou pedras para conseguir expressar-se. 

Neolítico de 18.000 A.C à 5.000 A.C.: O homem passou a viver em grupos maiores, as habitações passaram de cavernas à casas construídas por ele próprio, os trajes eram feitos por tear, e a comunicação passou a ser expressa através da técnica de gravar o cotidiano em ossos, pedras e madeiras, assim como apareceu a modelagem em argila.

Idade dos metais de 5.000 A.C à 4.000 A.C.: É assim denominada porque o homem começou a utilizar cobre, ferro e bronze no seu dia a dia; as civilizações viram centros urbanos e o homem descobre a importância de se desenvolver perto de rios. Os seus meios de locomoção também se desenvolvem, porém o meio de comunicação continua o mesmo.

Daí por diante o processo de evolução não parou, sobretudo o que se diz respeito à comunicação, que passou por diferentes eras: A era dos Símbolos e Sinais, a era da Fala e escrita, a era da impressão e a era das tecnologias.


A comunicação e sua importância para humanidade 

Buscando entender como funciona a comunicação de massa, tão arraigadas em nosso cotidiano, os autores Melvin L. De Fleur e Sandra Ball-Rokeach buscará fazer uma explanação acerca dos processos comunicacionais, desde sua origem até os dias atuais, e como os processos históricos-culturais influenciaram no processo de disseminação da informação, para que assim possamos entender a comunicação de massa e sua influência sobre nossas vidas. 

É fato que somos constantemente bombardeados por informações e que isto, talvez, tenha gerado uma banalização da comunicação, ou seja, hoje podemos afirmar que a fácil disseminação da informação é tratada com indiferença. Podemos dizer de certa forma, também, que a grande “culpada”, embora necessária, deste processo tenha sido os meios de comunicação de massa e sua capacidade de bombardear com informações, o tempo todo e com fácil acesso, a população. 

Não podemos datar exatamente como a comunicação surgiu, mas é certo que a evolução da comunicação sempre andou de mãos dadas como o processo de evolução do homem, desde seus ancestrais mais antigos até a raça que hoje domina o planeta: o homo sapiens. A comunicação neste processo evolutivo funcionou como uma espécie de ferramenta de sobrevivência, que ao contrário de lanças e confecções de roupas serviam para passar de um homem ao outro o conhecimento de técnicas, para que assim tal descoberta não morresse. Também era necessário registra sua história, e a importância que tais histórias tinham podem ser observadas nas pinturas rupestres, datadas do período Paleolítico, assim como era importante transmitir tradições, normas de sobrevivência e costumes. Observando essas questões, podemos dizer que as maiores descobertas do homem para seu processo evolutivo nos últimos 40.000 mil anos, não foram às ferramentas e técnicas de produção e tão pouco as armas utilizadas para caçar ou guerrear, mas, sim, o seu domínio dos sistemas de comunicação. Neste contexto, desenvolvem-se as civilizações e é a comunicação que distinguirá o homem dos outros animais e permitirá o seu domínio sobre o planeta. 

Embora comumente ligada à escrita e oralidade, a comunicação implica a tudo que pode ser interpretado, ou seja, se fazemos um simples movimento corpóreo, como balançar a cabeça no sentido do ombro esquerdo para o direito e vice versa, e este movimento é interpretado por outro indivíduo como sinal de negação, então podemos dizer que houve a comunicação. DeFleur e Ball-Rokeach sugerem que as primeiras espécies hominídeas, mais antigas até que os fabricantes de ferramentas, comunicavam-se de forma similar aos animais complexos de hoje, isto é, com ruídos e movimentos corpóreos que constituem símbolos e sinais mutuamente entendidos. 

O surgimento da Linguagem e a Era dos Sinais 


Embora não pudessem simplesmente falar por ter uma laringe similar aos dos chimpanzés, permitindo apenas a produção de sons como rosnados, roncos e guinchos, isso não significava que a comunicação não existia, porque como evidenciado acima, a base da comunicação destes ancestrais do homem era a corpórea, ou seja, através de gestos e sinais, até hoje utilizados. O único entrave na limitação deste sistema de comunicação é que não permitia uma espécie de vida social mais “requintada”. 

Neste processo de evolução surge a Fala e a Linguagem, utilizada pelo Cro-Magnon, um ancestral do homem que teria tido contado com o Homem de Neandertal, que, por sua limitada capacidade de se comunicar, ligada a Era dos Símbolos e Sinais, não conseguiram se adaptar as bruscas mudanças climáticas ocorridas como o fim da Era do Gelo. Já o Cro-Magno, com sua capacidade mais avança de comunicação, podiam coordenar caçadas e planeja suas ações entre o grupo, permitindo assim maior capacidade de adequação aos diferentes tipos de ambientes. Nesse processo de desenvolvimento e adaptação tornaram-se agricultores e, combinando ao cultivo a criação de animais, puderam se fixar a terra criando uma espécie de comunidade, que mais tarde dariam origem as cidades antigas e os remanescentes de civilizações pré-históricas ao longo do Crescente Fértil, próximo aos rios Tigre e Eufrates. Podemos dizer que essa revolução cultural crescente possibilitou um salto na evolução do homem e que a fala e linguagens foi o fator de maior importância neste processo, pois esta forma de comportamento humano trouxe conseqüências profundas, tanto para os indivíduos quanto para a sociedade. 

A era da escrita 

Milhões de anos foram precisos para que o homem adquirisse a capacidade de usar a linguagem. E a escrita, uma representação gráfica da fala, levou outros muitos séculos, mas foi um processo relativamente curto, se comparado a linguagem. Como uma antiga moral de história resumi bem o surgimento da escrita e todo o processo de evolução comunicacional descrito até agora: “A necessidade é mãe de todas as invenções”. A necessidade de manter um registro de subida e descida do nível de água dos rios, como no Nilo, movimento dos corpos celestes que determinavam o período de plantio e colheita foi um importe passo para que a escrita se desenvolvesse, talvez por isto a escrita tenha se iniciado na antiga Suméria e no Egito, regiões onde a agricultura foi inicialmente praticada. Em suma, a necessidade da escrita estava associada à necessidade de armazenamento de informação, afinal, o registro de um conceito ou ideia seria mantido por mais tempo se fosse registrado. Inicialmente os Egípcio gravavam isto em pedras, mas depois passaram a ser desenhados e pintados. Os hieróglifos era um sistema pictográfico similar ao chinês: cada desenho representava um conceito ou uma ideia, e essa forma requintada de comunicação exigia tanto de quem escrevia a mensagem quanto de quem a decodificava uma enorme dominação dos símbolo, portanto a alfabetização só se restringia a especialistas. 

Entretanto o modelo de escrita, tal como o conhecemos hoje e é utilizado na maior parte do mundo tem origem dos povos sumérios, que criaram o modelo de escrita fonética tendo como base a representação do som associada a um símbolo. Isto, indubitavelmente, tornou a escrita bem mais simples e representou uma evolução extraordinária na comunicação humana. Logo a escrita alfabética se espalharia pelo mundo antigo, chegando à Grécia, que simplificaram e padronizaram aquele novo sistema de escrita. É certo que sem esse sistema de escrita a maioria das pessoas que hoje habitam o planeta seria analfabetos e podemos pegar como um simples exemplo a escrita japonesa - são milhares de representações gráficas e quem se dispõe a aprender esse sistema de escrita passa anos afio estudando. O conhecimento só pode ser difundido graças à capacidade das pessoas saberem ler, e devemos isto à escrita fonética. 

A era da impressão


Tão importante quanto registrar a informação era poder levar isto de forma prática de um lugar ao outro, e foram os egípcios que primeiro pensaram nisto. Eles criaram um método de transformar papiro numa espécie de papel duradouro, e comparado a pedra era muito mais leve e isto permitiu um maior desenvolvimento da escrita hieroglífica, tornando-se mais ágil sua escrita, ao contrario do que seria se fosse feito na pedra. Essa mudando do suporte de escrita possibilitou uma mudança social e cultural muito grande. O armazenamento destes registros escritos deram origem as bibliotecas, controladas pelos escribas e a alfabetização passou um símbolo de status, e poucos era capacitados a ler. Em suma, a Era da Escrita representou à solidificação de memórias que podiam ser perdidas de uma geração a outra; agora tudo podia ser registrado e perpetuar por diversas gerações subsequentes. 

A impressão, feira por prensas móveis, invenção dos chineses e adaptadas por Gutenberg logo dominou a Europa. Antes dessa invenção as cópias de livros eram feito a mão, isto permitia que assim pudesse haver um monopólio maior sobre o conhecimento. A prensa, que agora podia fazer reproduções em quantidade bem superiores iria ajudar para que essa quebra esse monopólio que a igreja tinha sobre obras que eram grandes fontes de conhecimentos. E o deter do saber ler e escrever já não seriam mais um símbolo de status. As dimensões que isto teve para a historia humana foram enormes. Meios impressos de noticiosos surgiriam neste contexto, mais precisamente na Inglaterra e no Novo Mundo, e utilizariam da prensa como uma aliada. Séculos mais tarde, o jornal de massa, fruto de uma série de mudanças sócio-político-cultural pode prosperar, crescendo e difundindo-se pelo mundo. Podemos dizer que o jornal de tostão foi o grande responsável por isso. 

A era das tecnologias


Com o desenvolvimento das tecnologias, como a invenção do telégrafo, considerado o precursor da comunicação de massa eletrônica, a informação agora podia viajar quilômetros de distancia, e a distancia, logo, já não era mais uma barreira para a comunicação e difusão da informação. Um período de aproximadamente milhares de anos foi preciso para a comunicação chegasse ao nível que estava no início do século XX. A criação do cinema passou a ser a principal forma de divertimento, depois do rádio, que atingia de forma mais unânime os diferentes tipos sociais. A TV representou um salto neste processo de difusão da informação, porque agora aliado ao som havia a imagem, juntos funcionavam de forma hipnotizante da construção da credibilidade da notícia. Atingindo mais e mais pessoas, os meios de comunicação de massa representaram um marco para a evolução do homem. Marcado por diversas revoluções, deste os sinais, passando pela fala e escrita, e tendo como padrinho a prensa móvel, a comunicação de massa sempre foi uma forte aliada para as o manejamento das elites no poder. Hoje, com a internet, a informação se tornou algo ainda mais presente em nossas vidas e, retomando a questão que foi abordada no início deste texto, talvez tenha sido banalizada por estes processos de bombardeamento da informação sobre as massas. Não podemos prever os resultados que isto implicará sobre as sociedades modernas, tudo o que podemos fazer é esperar. 

Conclusão


Como colocado anteriormente nesse artigo “a necessidade é a mãe de todas as inversões”, foi a necessidade que permitiu ao homem se explorar, fazer descobertas que hoje é quase uma fantasia nos imaginar sem essas grandes inversões. Do fogo, a roda, da eletricidade ao armamento nuclear, seja qual fosse a descoberta o homem sempre procurou um jeito de aperfeiçoar e, constantemente, superar-se. 

Não existem dúvidas que de todas as invenções a escrita foi a nossa obra prima, pois através dela possibilitou-se arquivar nossa história e, consequentemente, registrar nossa existência neste mundo, o que, mais uma vez, outras espécies não conseguiram. A escrita marca o início da história e, mais tarde, com a invenção de técnicas para a impressão de ilustrações, símbolos e a própria escrita o acesso a informações a um número cada vez mais crescente de pessoas tornou-se mais facilitado, permitindo, assim, uma alteração do modo de viver e de pensar de uma sociedade. 

Milhares de anos depois, com a invenção da prensa móvel, criada pelos chineses e adaptada por Gutenberg, na Europa, obras podiam ser reproduzidas com muito mais velocidade e na língua correspondente àquela sociedade – até então a única obra reproduzida em larga escala era a bíblia, e no latim, ao qual somente o clero tinha acesso. Com isto, a alfabetização vai ser difundida e as consequências para a humanidade serão cruciais para que hoje nossa civilização possuísse o estágio de evolução que tem hoje. 

Passando pela descoberta da eletricidade à invenção do telégrafo, que possibilitou a amplitude da comunicação e o rompimento de fronteiras, o homem não parou mais de crescer. A cada século, a cada tecnologia descoberta, a cada pequeno passo, tudo contribuía para o aumento do processo de difusão da informação, à níveis globais. 

Desde que o jornal surgiu pela primeira vez no ano 59 A.C., em Roma, criado por Júlio César, como o objetivo de informar ao público os importantes acontecimentos políticos e sociais, não muito diferentes dos dias atuais, o jornalismo também evolui muito. Atrelada às novas tecnologias, como a internet, a informação não encontrou barreiras no tempo e espaço. A velocidade também é um fator relevante na nova era da informação. 

Ao longo desse breve resumo da história da humanidade observamos o quão importante foi à comunicação para a humanidade. Sem ela, ao que pudemos observar, não nos fosse permitido atingir o grau de evolução ao qual chegamos. É certo que o processo de evolução é um fenômeno lento, leva naturalmente milhares e milhares de anos, mas é certo que seus benefícios para a história são incontestáveis. 

Podemos questionar a evolução do homem como um malefício para o planeta, observando de maneira atenta o que nós, de modo geral, estamos fazendo com ele: poluição, desmatamento, queimadas e destruição. Tão certo quanto a comunicação e as tecnologias se desenvolveram de maneira incontrolável é o fato de que esta mesma evolução irá acabar com a raça humana. O planeta não terá seu fim, porque a natureza suportou condições muito mais desesperadoras do que as que observamos nos dias atuais, e, tão certo quanto isto, é a simples conclusão de que nenhuma civilização perdurou por muito tempo. 

Desde modo, a mesma comunicação que contribui para a nossa evolução e a mesma que poderá nos salvar. 

Por João Gusttavo
Referências

DEFLEUR. Melvin L. BALL-ROKEACH, Sandra. Teorias da comunicação de massa. 5 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ltda, 1993.

LOUREIRO, Ramiro. Cultura, língua e comunicação – A evolução dos meios de comunicação. [S.I.], 20 janeiro de 2009. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/1421011>. Acesso em 15 de novembro de 2012.


As primeiras conquistas do homem. Disponível em: <http://evolucaohumana12.blogspot.com.br/2007/10/as-primeiras-conquistas-do-homem.html>. Acesso em: 18 de novembro de 2012.

Evolução da Comunicação Humana e dos Meios de Comunicação. Disponível em: <http://www.foton.com.br/divirta-se.php?id=drops/evolucao&idp=divirta-se_drops>. Acesso em: 18 de novembro de 2012.